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Ainda a semana da leitura

No âmbito da comemoração da Semana da Leitura, os alunos da turma A do 9º ano representaram, no auditório da Escola E,B Aquilino Ribeiro, a cena dos Quatro Cavaleiros da obra Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, para os colegas das turmas do oitavo ano. Para além desta pequena representação, o 9º ano A encenou uma possível entrevista televisiva a Gil Vicente, onde foram abordados alguns temas sociais e culturais da época em que viveu o autor. Deixamos, aqui, um pequeno excerto da entrevista.

ENTREVISTA

Apresentadora - Boa tarde e bem-vindos a mais um “A Aula é nossa”. Para além dos nossos passatempos habituais, hoje temos um programa muito especial, que conta com a presença de alguém que possui um talento único e que é muito conhecido do público português, sobretudo, dos estudantes. Dizem os mais entendidos que a ele se deve o início do Teatro em Portugal; dizem, também, alguns dos seus biógrafos que este ilustre homem aliava a sua profissão de dramaturgo e encenador à de ourives. De acordo com alguns registos históricos, a ele se deve uma das peças de joalharia mais bonita que temos: a célebre Custódia de Belém… Bom, e sem mais demoras, penso que já todos adivinharam de quem estou a falar. Peço que entre, então, para conversar connosco, o ilustre pai do Teatro português: Gil Vicente que vem acompanhado do seu tetra tetra neto.

(Apresentadora e Gil Vicente cumprimentam-se.)

Apresentadora – Boa tarde, Gil Vicente …posso tratá-lo assim?

Gil Vicente – Claro! Sem qualquer problema.

Apresentadora – É uma honra para nós tê-los por cá, na “Aula é nossa”. Como deve ser do seu conhecimento, as suas obras são estudadas pelos nossos alunos do 9 e do 10 anos, por isso, Gil Vicente é um dos autores mais conhecidos e admirados em Portugal.

Gil Vicente – Bem…conhecido, acredito! Agora, admirado!!!! Hummmm…acho que a malta jovem, como se diz agora….não me curte muito. Já passaram quase cinco séculos desde que escrevi as minhas obras e, desde então, houve muitas mudanças, não só a nível da linguagem, como a nível social e até no que diz respeito aos interesses dos mais jovens.

Apresentadora - Sem dúvida! E é sobre essas mudanças que gostaríamos de conversar. A História de um país é feita do passado e é importante que os nossos jovens percebam em que medida o passado nos ajudou e ajuda a construir o presente. Não podemos esquecer as nossas raízes e conhecer o que está para trás poderá constituir uma oportunidade única de nos conhecermos a nós também.

Gil Vicente – Concordo plenamente, mas para isso é essencial que os alunos de hoje sejam curiosos, críticos e interessados.

Apresentadora – Já lá vamos. Deixe –me, primeiro, colocar-lhe algumas questões sobre a sua vida.

Gil Vicente – Ó menina Mariana…a minha vida é o que menos interessa: onde e quando nasci, se fui ou não ourives, ou em que ano cheguei ao “Cais do outro mundo”… isso são banalidades. Aliás, eu próprio compus o meu epitáfio que diz assim:

Pergunta me quem fuy eu

Atenta bem pera mi

Porque tal fuy como a ti

E tal has de ser com’eu.

E pois tudo a isto vem

O leitor de meu conselho

Toma me por teu espelho

Olha me e olha te bem.

Deixemos, por isso, aos historiadores a vontade de descobrirem pormenores sobre a minha vida. Eles é que gostam de viver no meio da papelada e procurar informações a meu respeito. Não lhes quero estragar o trabalho!!! (…..)

 
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